terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

COM SAUDADE.. TANTA TANTA..

PHOTO BY ANTÓNIO IN 'BOTHSIDESOFTHEGUN'
Rui Veloso- Não queiras saber de mim

Tirem-me a vista
Tirem-me para sempre a luz de lisboa
Tirem-me as encostas do Douro
Tejo e Alentejo
Tirem-me a calçada dos passeios e os azuleijos das paredes
Tirem-me o ouvido
Tirem-me para sempre o choro da guitarra e o pranto do fadista
Tirem-me os pregões das mulheres do bolhão e a prenúncia de Norte a Sul
Tirem-me a fúria de espuma das ondas e o grito do golo
Tirem-me o tacto
Tirem-me para sempre o sol de inverno a bater na cara
Tirem-me o barro a ganhar forma entre os dedos
Tirem-me o rosto queimado da minha mãe e a mão áspera do meu pai
Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto
Porque se eu ainda for capaz de saborear a alheira a rebentar de sabor, ou o bacalhau com todos a nadar em azeite
Serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala, "Estou em Portugal".




As saudades vão sendo cada vez mais, mesmo tão perto da tua chegada, porque há qualquer coisa que aperta e faz fechar os olhos e rever tantas coisas assim aqui tão perto. E já não sou só eu, nem a Manafalda, nem o pai e a mãe. Já Lisboa te sente tão longe, e ela que andava adormecida. Por isso volta mê. Mais depressa.

AMOTE.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

MANDAR? NÃO. TRABALHE!


Sam the kid- Abstenção
O POVO UNIDO, JAMAIS SERÁ VENCIDO!

Não sou licenciado nem recenseado,
com paciência, há-de aparecer alguém credenciado, com moral
Que me faça votar, me faça lutar, me faça notar,
e faça esgotar a campanha eleitoral
Por enquanto é só comédia, many manipula os média,
que se excedem a assustar o nosso povo com medo
Eu não voto, eu boicoto, mas crio as horas nocturnas,
sei qu'é o meu futuro, mas não vou acordar cedo
Pa pôr um voto nulo ao eleger um chulo ou um cherne,
ou quem governe só com charme mas num mês dá um terno
e tropeçam, mal começam quando quebram a promessa,
não me peçam interesse, vocês não se interessam
Eu não preciso de reflexão eu já, tou decidido,
eu só voto na verdade e não a vejo em nenhum partido
A minha previsão é o privilégio garantido,
para um puto no colégio "onde é que tá'lgum conhecido?"


E eu sou - a percentagem qu'a sondagem nunca mostra,
eu sou - a mente exausta da miragem mal composta
eu sou - a indiferença e a insatisfação,
eu sou a anti-comparência, eu sou abstenção

Pra muitos é defeito, é de facto imperfeito,
e o respeito vem de fato pó eleito logo
Pra mim é mais um cromo que só me vai dar um défice,
só me vai dar a fome quando eu só quero é peace
e ó lefice, aperta esse apelo, é só loi-no não sou
boi, eu sou, conforto no aborto de liberdade de escolha, mas só
oiço é palavras sem acções, ponham uma rolha,
e acabem co'a brincadeira, putos arrebenta a bolha
A linguagem não é crua e tendo mais remorsos,
e eu nunca vos vi na rua a não ser em arredores
ou d'urso, o discurso é coincidência,
todos querem presidência pa ter nova residência
É a minha impressão, o meu desabafo,
neurónios memorizam na televisão toda a gafe e o staff
limpa-vos a boca dos beijos que não convencem,
vocês vencem, já não pertencem ao povo, pensem um pouco
E comecem do início, de novo,
alterem e tirem "o sacrifício do povo"
E eu devolvo a indiferença pa foder partidos e
blocos,
eles é que tão em alta, a gente anda aqui a contar
trocos

Tu és - justiça postiça que nos pisa a voz,
é o que nos diz a pesquisa dos bisavós
Alguns dizem qu'o povo unido, não será vencido e aí não duvido


O POVO UNIDO, JAMAIS SERÁ VENCIDO!