Pedro abrunhosa - Tudo o que eu te douDeixa-me respirar-te a pele, o olhar, o coração. Deixa-me respirar-te, como já o faço sem saberes; para saberes, ou então sabes e gostas e queres ainda mais.
Mas depois é o teu olhar que me diz que não podemos, ou devemos, por coisas ditas feitas certas (ou tão erradas).
Por favor deixa-me poder dar-te tudo o que de nada me podes dar em troca.
Porque se quiseres arranco o meu coração e ponho num frasquinho de vidro, e ficas com ele, qual colecção de banda desenhada. E ninguém precisa de saber que é meu, não são precisas etiquetas. Porque basta o compasso lento com que bate junto de ti. Porque me acalmas, porque me deixas respirar devagarinho, porque junto de ti tudo o resto desaparece, e então toda eu sou calmaria.
E já te disse, sei que vezes sem conta (talvez vezes de mais), que tudo o que tu és para mim vai-me fazer falta e não vai desaparecer. Pode, talvez, ficar bem guardado e não lhe mexer, como uma criança quando se espreme para chegar à lata dos biscoitos no cimo do armário da cozinha; porque é a ti que quero chegar, és tu a meta, a luz ao fundo do túnel; és tu o fim do meu caminho.
E não quero perder esta força de tudo o que sinto por ti, esta ânsia de te olhar, do toque, do cheiro e de todas as coisas que sempre construímos, mesmo de mãos despegadas.
És-me muito. Tanto, tanto.
E deixa-me respirar-te a pele, o olhar, o coração. E levar-te comigo; sempre comigo..